Com expressiva presença de
trabalhadores que atuam na coleta seletiva em Londrina, a Comissão de
Administração, Serviços Públicos e Fiscalização da Câmara Municipal de Londrina
(CML) coordenou na manhã de sexta-feira (29) reunião pública para apresentação
do novo modelo de coleta de resíduos recicláveis que o Executivo estuda
implantar no município. Em linhas gerais, a proposta é que as cooperativas de
trabalhadores deixem de recolher os materiais e concentrem sua atuação nas
outras etapas do processo: receber, separar e comercializar os produtos. "Houve
diversos questionamentos e sugestões de alteração na proposta. Por isso, como
encaminhamento, será realizada uma nova reunião para discutir essas sugestões",
explicou à imprensa o vereador Amauri Cardoso (PSDB), vice-presidente da
comissão, que coordenou o encontro ao lado de José Roque Neto (PL), presidente
do grupo.
Apresentada por
representantes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), órgão
que idealizou as mudanças, a proposta inclui a contratação de uma empresa para
fazer a coleta de recicláveis em todo o município, que será dividido em três
grandes lotes. Atualmente o serviço é realizado por sete cooperativas, que
contam com aproximadamente 360 cooperados e recebem recursos municipais para
coleta e transporte de resíduos dos domicílios, manutenção de veículos e
equipamentos, serviços de educação ambiental e gastos com água, luz, uniformes
e aluguel, entre outros.
Segundo o gerente de
resíduos da CMTU, Gilmar Domingues Pereira, o objetivo da mudança é diminuir
custos e dar mais regularidade aos dias e horários de coleta. "A alteração
nasceu de várias pesquisas e de dados internos que temos na CMTU. Nós
observamos o mapa da coleta seletiva e há problemas. Temos hoje uma
cooperativa, por exemplo, que tem seu barracão na marginal da PR-445, na zona
Sul de Londrina, e opera na região Norte da cidade. Com um novo mapa que
fizemos, vai diminuir pelo menos à metade o percurso percorrido pelos
caminhões, gerando uma economia considerável. O sistema está sendo proposto
para que possamos contratar uma ou duas empresas, e essas terceirizadas poderão
operar com apenas 14 caminhões fixos. Hoje as cooperativas trabalham com 17", afirmou. Todos os
caminhões serão dotados de GPS, para que a CMTU controle o itinerário e a velocidade
dos veículos.
Prejuízos A proposta da
CMTU foi recebida com incerteza por trabalhadores e instituições presentes no
debate. De acordo com eles, o fim do repasse feito hoje pelo serviço de coleta
e transporte pode inviabilizar a atuação das cooperativas. "Atualmente 56% da
receita mensal das cooperativas, em média, vem da coleta porta a porta. Como
fica a situação das cooperativas em relação a esse valor?", questionou, durante
as discussões, a professora Lilian Aligleri, da Universidade Estadual de
Londrina (UEL). Em resposta, o gerente da CMTU, Gilmar Domingues Pereira,
afirmou que a companhia deve criar uma remuneração adicional aos trabalhadores:
o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Segundo ele, a CMTU ainda não
calculou o valor do PSA, o que deve ser feito a partir de agora. Há ainda
estudos para que as cooperativas possam prestar serviços para as mais de 300
empresas que hoje estão cadastradas pela Secretaria Municipal do Ambiente
(Sema) como grandes geradoras de resíduos e, por esse motivo, são obrigadas a
dar tratamento adequado aos materiais.
Outra medida que a CMTU deve
adotar será a retomada da distribuição dos sacos verdes para o armazenamento de
recicláveis. Os coletores autônomos, que hoje atuam na informalidade, serão
convidados a integrarem uma associação, para também trabalharem com a venda de
materiais. As soluções propostas e que foram apresentadas na reunião desta
sexta-feira foram construídas por meio de debates realizados desde o mês de
março deste ano na Câmara, quando recicladores e trabalhadores informais
procuraram o Legislativo para relatar as limitações e os problemas do sistema
atual. Na sequência, a CMTU foi envolvida nos debates sobre o tema. "Queremos
construir uma proposta que seja viável e justa para todos os envolvidos no
processo; munícipes, trabalhadores e poder público", concluiu Amauri Cardoso.
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