A história de Londrina está ligada à sua colonização. O início da povoação de Londrina data de 1930, quando chegaram os primeiros compradores de terra e os colonos nacionais, alemães e japoneses, procedentes do Estado de São Paulo, orientados por agenciadores da Companhia de Terras Norte do Paraná.
Por isso, os conflitos entre colonos antigos e os recém-chegados praticamente não existiram na zona colonizada pelos ingleses. Porém, a grande novidade introduzida pela Companhia e que lhe valeria o "slogan" de "a mais notável obra da colonização que o Brasil já viu" foi a repartição dos terrenos em lotes relativamente pequenos.
Os ingleses promoveram, desta forma, uma verdadeira reforma agrária, sem intervenção do Estado, no Norte do Paraná, oferecendo aos trabalhadores sem posses a oportunidade de adquirirem os pequenos lotes, já que as modalidades de pagamento eram adequadas às condições de cada comprador.
Londrina surgiu em 1929 como primeiro posto avançado deste projeto inglês. Na tarde do dia 21 de agosto, chega a primeira expedição da Companhia de Terras Norte do Paraná ao local denominado Patrimônio Três Bocas, onde o engenheiro Alexandre Razgulaeff fincou o primeiro marco nas terras onde surgiria Londrina. O nome da cidade foi uma homenagem prestada pelo João Domingues Sampaio, um dos primeiros diretores da Companhia de Terras Norte do Paraná.
A criação do Município ocorreu cinco anos mais tarde, através de decreto estadual assinado pelo interventor Manoel Ribas, em 3 de dezembro de 1934. Sua instalação foi em 10 de dezembro do mesmo ano, data em que se comemora o aniversário da cidade. O primeiro prefeito (nomeado) foi Joaquim Vicente de Castro.
Segundo a pesquisadora Denise de Cássia Rossetto Januzzi, o engenheiro Alexandre Rasgulaeff foi o autor do projeto inicial de Londrina.
Sua proposta baseava-se numa malha ortogonal em forma de xadrez, de aproximadamente quatro quilômetros quadrados, com as ruas dispostas nos sentidos norte-sul e leste-oeste.
A previsão era para um número estimado de 30.000 habitantes, a cidade deveria servir de apoio para as outras cidades da região e nos seus arredores deveriam existir pequenas propriedades rurais para prover a cidade.
A primeira década após a fundação foi uma fase de desenvolvimento comercial. Neste período aconteceu um fortalecimento da estrutura comercial de Londrina, quando muitas empresas paulistas se instalaram na região (alimentícia, armarinhos, atacadistas). O setor industrial limitava-se a ordenar a matéria prima regional (máquinas de café e cereais), mantendo a dependência em relação a outros centros urbanos com maior grau de industrialização.
Januzzi também diz que o Norte do Paraná, até fins dos anos 30, era a Terra da Promissão, um local de produção agrícola abundante, das oportunidades de enriquecimento rápido para quem estivesse disposto a trabalhar. O ciclo de trabalho para quem adquiria terras se dava pelo corte e venda da madeira e, depois, pelo plantio e venda da colheita.
Londrina tornou-se local de intermediação de mercadorias entre a região e o resto do país, principalmente Santos e São Paulo, ligação na qual a ferrovia adquiriu um papel fundamental.
As principais realizações no final dos anos 40 foram: a implantação de galerias pluviais, construção de escolas, elaboração do plano urbanístico o que demonstrou uma preocupação com a ocupação do solo.
O aumento populacional e a verticalização da cidade
Londrina, já nos anos 50, emergiu no cenário nacional como importante cidade do interior do Brasil. Neste período, apresentou considerada expansão urbana em razão da produção cafeeira no norte do Paraná, em especial na cidade de Londrina, o que levou à intensificação do setor primário de toda região. Nesta década a população passou de 20.000 habitantes para 75.000, sendo que quase metade se encontrava na área rural.
No final desse decênio Londrina contava com um complexo urbano que consistia em faculdade, colégios, postos de saúde, hospitais, rádios e complexos destinados ao lazer.
Conforme Januzzi, na década de 60, começa a crescer a verticalização no centro da cidade e aumenta o adensamento urbano da população de média e alta renda; em contrapartida, ocorre uma expansão acelerada da periferia devido à migração da população rural, trabalhando agora como bóias-frias.
O forte movimento de urbanização dos anos 60 causou um déficit habitacional em Londrina, sendo adotados nessa fase programas habitacionais em larga escala.
O preço do café cai com a concorrência internacional, e o governo reage propondo a diversificação de culturas e com a compra de café através do IBC (Instituto Brasileiro do Café), para estocar o produto e assim tentar controlar seus preços. A diversificação de culturas toma força, impulsionada também pelas geadas de 62, 66, 69, 72 e 75.
Aos poucos, a cafeicultura foi sendo substituída por novas atividades agropecuárias e industriais no decorrer da década de 60. Londrina apresentava um desenvolvimento industrial modesto, na década de 70, com 442 indústrias, a maioria de pequeno porte, voltadas para a produção de bens de consumo não duráveis e utilizando pouca mão-de-obra.
Nessa época, a supremacia do café chega ao fim. O Brasil perde 226.000 empregos rurais, que não foram absorvidos pela pecuária e pelas culturas de soja, trigo e milho, mecanizáveis. Isto representou, para o Estado do Paraná, uma grande transformação não somente produtiva e conseqüentemente econômica, mas também social. Ocorreram grandes fluxos migratórios do campo para a cidade.
A base econômica do município passou da monocultura do café para uma produção diversificada, com a introdução de culturas como soja, milho, trigo e cana-de-açúcar, demonstrando uma capacidade produtiva que contribuiu para que Londrina ficasse conhecida no cenário nacional como uma progressista cidade de porte médio, que entrou na década de 70 com 228.101 habitantes.
Ainda segundo Januzzi, a criação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 1971, foi um fator importante para o desenvolvimento da cidade. Sua implantação aqueceu o mercado imobiliário para abrigar estudantes de fora. A implantação do Campus no sudoeste da cidade também provocou uma grande expansão urbana.
Ainda nos anos 60, surgiram os primeiros conjuntos habitacionais, que se localizavam à distância de 6 a 7 Km do centro da cidade. Esses centros habitacionais foram edificados pela COHAB e atendiam às populações mais necessitadas da sociedade londrinense. Outro fato importante neste período foi a criação do Serviço de Comunicação Telefônica de Londrina, a Sercomtel.
Em franco desenvolvimento, na década de 70, Londrina já contava com 230.000 habitantes e uma produção agrícola voltada para o mercado externo. Nesta época criou-se os primeiros centros industriais que visavam o incentivo e a coordenação do desenvolvimento industrial da cidade. Houve uma ampliação na prestação de serviços como educação, sistema de água e esgoto, pavimentação, energia elétrica, comunicação, e a criação do Parque Arthur Thomas, a construção da nova Catedral, Ginásio de Esporte Moringão, entre outras obras.
A década de 80 foi marcada pela fase de ação administrativa, quando o poder público demonstrou uma preocupação com o capital comercial e desenvolveu ações que incentivaram o planejamento urbano, tais como a retirada da ferrovia do centro, a criação das vias Expressa Norte - Sul e da Avenida Leste-Oeste, bem como a instalação do Terminal Urbano de Transporte Coletivo.
Londrina se consolidou como Pólo Regional de bens e serviços e se tornou, definitivamente, a terceira mais importante cidade do Sul do Brasil na década de 90, quando foi desenvolvido o primeiro Plano Diretor.
Neste período a cidade apresentava uma estrutura voltada para áreas residenciais em praticamente todo seu território, destacando a região central em razão do desenvolvimento da construção civil, refletida em inúmeros edifícios de padrão médio e alto.
A região Norte da cidade, que nas décadas anteriores se enquadrava como região rural, revelou-se como maior área residencial da cidade, apresentando uma concentração de conjuntos habitacionais financiados pelo BNH.
Década a década, verifica-se que Londrina teve um crescimento constante, consolidando-se como principal ponto de referência do Norte do Paraná, bem como exercendo grande influência e atração regional.